Pesquisador afirma que incêndio na Antártida é difícil de combater
O pesquisador de climatologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Jefferson Simões, que já esteve por cinco vezes na Estação Antártica Comandante Ferraz, atingida por um incêndio na noite deste sábado (que deixou dois militares mortos e um ferido), disse que é muito difícil combater o fogo em ambiente antártico.
"Parece que o fogo se espalhou na sala de máquinas. Naquele lugar, onde a água está em estado sólido e os ventos são muito fortes, é difícil de se combater o fogo, ainda mais lá, onde as instalações ficam juntas em blocos. Lamentavelmente deu esse incêndio, mas não é a primeira vez que isso acontece, já ocorreu em outras estações", conta.
Segundo o pesquisador, a estação era importante do ponto de vista científico e político. "É onde dava apoio para essas pesquisas mais voltadas ao ambiente da costa e que precisa de uma base. Do ponto de vista político era importante porque não era um território brasileiro na Antártida, mas era um local onde o Brasil está, é a nossa casa (...) infelizmente ela se foi, mas vamos ver quando devem reconstruir, mas isso demora", prevê.
Ele diz que, atualmente, desenvolve seus trabalhos a cerca de 2 mil km ao sul da estação incendiada, mas explica que o trabalho realizado na Comandante Ferraz está mais voltado para a biologia e biociência. "Monitoramento ambiental, avaliação de impacto da presença humana no ambiente antártico e mais algumas pesquisas de geofísica em relação à radiação solar com a atmosfera do planeta".
O fogo que atingiu a instalação consumiu 80% da estação e teria ocorrido na praça de máquinas, local onde ficam localizados os geradores de energia. As vítimas fatais são o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o sargento Roberto Lopes dos Santos. O sargento Luciano Gomes Medeiros ficou ferido, foi levado para o Chile, e não corre risco de vida.
A Estação Antártica Comandante Ferraz completou 30 anos em janeiro deste ano. A estação brasileira foi instalada na Baía do Almirantado, localizada na Ilha Rei George, em 1984. A partir de 1986, passou a ser ocupada anualmente por pesquisadores e militares da Marinha do Brasil, podendo acomodar até 58 pessoas. A estação tem laboratórios destinados às ciências biológicas, atmosféricas e químicas.
O ministro da Defesa, Celso Amorim, disse neste sábado que o planejamento para reconstrução da estação deve começar na segunda-feira.
Fonte: globo.com
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